Depois do Guilherme e eu termos cancelado essa viagem para o Alto do Capim Amarelo (primeira montanha para quem faz a travessia da Serra Fina sentido Passa-Quatro - Itamonte), que estava programada para os dias 13 e 14 de Junho, por causa de chuvas, agora foi a vez de reunir mais vítimas e seguirmos, com previsão de talvez uns 2 mm de chuva, também com a Lorena, Peter e Marilde para o que viria a ser uma bela roubada.
No Sábado, dia 1º de Julho, às 7h30 da manhã, o Guilherme passou em casa e seguimos então ele, a Lorena e eu, rumo Passa-Quatro, onde encontraríamos o Peter e sua esposa Marilde, que saíam mais ou menos no mesmo horário, de Bom Jesus dos Perdões.
Chegamos em Passa-Quatro por volta das 11 horas, nos encontramos e logo fomos almoçar no "restaurante da dona filhinha", um lugar perto da praça central e que recomendo muito para quem valoriza um ótimo PF, por um preço mais que justo, no almoço. Junto com um guaraná Guaranita (de Passa-Quatro - uma bomba de açúcar como outros refrigerantes) nos alimentamos e seguimos então nosso caminho até perto do "resort Serra Fina" (comédia chamar um lugar gourmet de refúgio), estacionando o carro logo depois de passar a ponte e porteira, minimizando o risco dos "barões do resort" danificarem o carro por estar perto de sua "fortaleza" (sim, já soube de casos de pneus esvaziados por terem parado perto das "muralhas do castelo" - mas felizmente sempre parei onde paramos e lá nunca tive - ou soube - de problemas).
No local trocamos de roupa, acabamos de arrumar as mochilas e, com elas nas costas, por volta das 13h20 começamos nossa caminhada, ainda pela antiga estradinha de terra (que antes era aberta e ainda subiam carros) até a famosa "Toca do Lobo", local onde tem uma toca (infelizmente meio depredada) e onde se atravessa o riacho antes de começar a subir de verdade.
No riacho pegamos água (até hoje não arrisquei deixar para pegar na cachoeirinha mais para cima, não sei se ela seca em alguma época do ano - se você souber, poste nos comentários aqui embaixo para eu saber) e logo seguimos "piramba" acima, ainda com um tempo bonito e céu razoavelmente aberto.
Fomos progredindo bem, a ideia era irmos fotografando o caminho (eu mesmo queria pegar a crista final do Capim Amarelo com a luz de final da tarde) mas o clima começou a fechar. Logo no começo da subida, assim que chega na crista, e ao passar por alguns locais de acampamento, que agora tem plaquinhas indicativas (trabalho bem legal), cheguei a fazer, literalmente, meia-dúzia de fotos, mas então o céu ficou totalmente branco e, quanto mais subíamos, mais entrávamos na nuvem.
Fazendo poucas pausas para lanche/água mas também sem forçar o ritmo fomos subindo, subindo, subindo até que, com o chegar da noite, já no limite de precisar colocar as headlamps na cabeça, chegamos ao cume do Alto do Capim Amarelo. No cume encontramos um pessoal (7 barracas no cume em um sábado "normal"!) e, depois de dar uma procurada e indicação do Tiago (do RS, da "transmantiqueira") fomos até duas pequenas clareiras, razoavelmente planas e protegidas do vendo, onde dormiríamos (ou tentaríamos).
Já era por volta das 20h e até agora o clima estava ruim mas ainda apenas nublado. Fizemos nosso jantar, abrimos os isolantes, "meio" entramos nos sacos de dormir (não levamos barracas e seria o primeiro bivac da Lorena, do Guilherme e da Marilde) e aí começou a pingar água de verdade. Vestimos os sacos de bivac, colocamos uma lona protegendo as mochilas/botas e outra sobre nós, onde ficamos longas e longas horas ouvindo o barulho da chuva em nossas cabeças e cochilando/acordando de hora em hora (acho que só conseguir dormir algumas horas direto quando já era por volta das 3h da madrugada - isso até as 7h da manhã).
Uma noite longa (daquelas que você acorda para olhar a temperatura no relógio e vê que, além da chuva está 3,8ºC e ainda são 22h da noite) passou, de manhã fizemos uma sopa para aquecer, arrumamos as coisas e, com uma trilha absurdamente lameada começamos a descida (muito legais as cordas e degraus suspensos que foram colocados na trilha, sem eles o perrengue seria muito maior).
Fomos descendo, descendo, descendo e, mesmo com a gravidade nos ajudando, a descida, até chegarmos de volta ao carro, também demorou cerca de 4h30. No carro, agora a preocupação era outra: será que o carro subiria a primeira rampa (a pior), logo que passa o riacho e porteira? Trocamos de roupas (finalmente algo seco) e, como o Peter estava com uma Strada, colocamos todas mochilas na sua caçamba e, eu dirigindo o carro do Gui (um C3), fui encarar aquela subida lameada (o Peter havia ido na frente e nos esperava após a subida).
Apesar de ter que passar embalado e fazendo zig-zag no trecho final, o carro subiu (por muito pouco não parou, mas subiu!). De lá, só seguir a parte "boa" da estrada até chegarmos no asfalto (onde pegamos as mochilas de volta para o porta-malas) e estrada até o restaurante mais próximo, para o merecido e esperado almoço.
De lá nos despedimos, continuei mais algumas horas no volante até que chegamos em São Paulo, no comecinho da noite. A Lorena e eu ficamos em casa, o Gui seguiu caminho para sua casa e, depois de pendurar quase tudo em varais para secar, a Lorena e eu pegamos estrada novamente (agora para Capivari) para finalmente podermos ter um banho quente e uma noite de sono em um colchão (e na saída de SP ainda tive que passar na portaria do apto do Gui porque tínhamos esquecido coisas - e molhadas - no porta-malas).
Em Capivari mais trabalho para colocar coisas no varal, o merecido banho, mais comida e finalmente cama! No dia seguinte, mesmo cansado do final de semana não fugi da "rotina" de pedal com o Alessandro em Itu e logo estava de volta à São Paulo, para uma semana "normal" de trabalho e treinos na 90 graus.
Apesar de, nesta viagem, não termos conseguido fazer o que era nossa ideia inicial (esticar até o Tijuco Preto), valeu a pena. Um final de semana na montanha é sempre melhor que um final de semana em casa (mesmo bivacando molhados na chuva) e as montanhas continuam lá, então voltaremos ;-)
- enviado por Tacio Philip às 13:37:37 de 06/07/2017.