O PN Itatiaia é um dos parques que eu mais gosto devido sua grande quantidade de lindas e imponentes montanhas (veja essas dicas de acesso às montanhas do PNI para fugir do padrão "agulhas e prateleiras"). Além disso, ficar "hospedado" no abrigo Rebouças, dentro do parque, é uma oportunidade que nunca deve ser desperdiçada. Sendo assim, há pouco mais de um mês, quando o Valdecir e o Flávio Garcia me disseram que tinham feito algumas reservas e me convidaram para ir eu não pude negar!
Desde minha confirmação de presença passaram algumas semanas e, no dia 03 de Maio, Sexta-feira, a Aline chegou aqui em casa por volta do meio dia, almoçamos, acabei de arrumar as mochilas e logo pegamos estrada. A viagem foi bem tranquila, só com uma pausa já em Engenheiro Passos para um café e cocadas e pouco antes das 17h dávamos entrada no parque e seguíamos para o abrigo (dessa vez de carro já que o acesso estava permitido) onde parte do pessoal nos aguardava.
Com as últimas luzes do dia saí para algumas poucas fotos - minha meta principal nessa viagem era fotografar o parque com uma câmera recém convertida para infravermelho - e, com o final da luz e chegada do frio, foi hora de entrar para um esperado e merecido jantar. Nesse dia, além de lanchar alguns rap10, a Aline e eu aquecemos e comemos uma refeição da Alimentação Pronta, empresa que havia me fornecido algumas amostras há alguns meses mas ainda não tinha tido a oportunidade de provar. Adianto que é muito boa e em breve postarei um review completo com minhas considerações!
Com a chegada da noite, depois de um breve bate papo a Aline e eu saímos para fazer algumas fotos das estrelas (com um frio de 3,7ºC) e logo depois chegou a hora de entrar nos sacos de dormir e deitar, ainda sem ter ideia do que fazer no dia seguinte.
O Sábado amanheceu ensolarado, sem uma nuvem sequer e, mesmo com dores na coxa e tomando diclofenaco devido a sobrecarga da semana anterior no corcovado de ubatuba decidimos encarar a travessia Couto-Prateleiras. Essa é uma bonita, exigente, pouco frequentada e bem fechada caminhada que segue pela crista paralela à estrada unindo as duas montanhas.
Com a ideia definida tomamos café, arrumamos as mochilas e por volta das 9 h começamos a caminhada. A ida começou pela estrada sentido portaria e, assim que chegamos no estacionamento começamos a subida pela estrada até o cume do Morro da Antena. Durante a subida já aproveitava para diversas fotos de montanhas do parque e da Serra Fina, vista bem próxima de nós.
Do cume do Morro da Antena seguimos então para o Morro do Couto, outra montanha razoavelmente pouco frequentada e que muitas pessoas não fazem ideia que é a 2ª mais alta do parque e 8ª montanha mais alta do Brasil de acordo com o anuário estatístico do IBGE. No platô logo abaixo do cume encontramos com o Flavio Varricchio e a Isabelle, fizemos uma pausa para "almoço" e sem perder muito tempo subimos até seu cume para mais algumas fotos e ai sim começar a travessia.
Mesmo tendo alguns trechos onde é possível encontrar totens e alguma marca de passagem humana essa não é uma travessia com trilha aberta. Em muitos trechos é necessário um pouco de senso de direção e, principalmente, um pouco de faro para achar o melhor caminho para atravessar alguns trechos de mata mais fechada ou trepa pedras. Mesmo assim, se você gosta de um pouco de desafio (e até algum perrengue light) a recomendo!
Fomos seguindo pela travessia em seus zig-zag e sobe-desce sem muita pressa, parando diversas vezes para fotografias. O tempo foi passando, as pernas continuavam a sentir e acumular o cansaço e logo vimos que tínhamos calculado mal a quantidade de água. Da outra vez que eu havia feito essa travessia encontrei um ponto de água, só que o clima naquela vez estava bem mais nublado e úmido. Além disso, depois de mais da metade da travessia, ao olhar o GPS vi que não passaria pelo ponto que eu havia marcado já que, dessa vez, com o tempo bem mais aberto, tínhamos encontrado um outro caminho por onde seguir. Sabendo que não teríamos água até o final do dia (mas não morreríamos por isso) continuamos seguindo, sempre procurando um caminho melhor e próximo ao final da tarde chegamos no topo da última subida, de onde víamos abaixo o congestionado Prateleiras.
Depois de mais pausas para fotografias decidimos rumar direto para a trilha que leva ao Prateleiras e não à sua base, onde termina a travessia. Como não tínhamos mais água não subiríamos até seu cume e seguindo por esse atalho, conseguimos fugir do engarrafamento que se formaria na trilha em poucos minutos (tinha MUITA gente no Prateleiras, acredito que excursão de escola - tinha um ônibus no estacionamento!).
Continuamos nossa descida, poucos minutos depois estávamos na trilha e outros poucos nos levaram ao final da estrada que nos levou, já no final da tarde, até o abrigo onde já haviam chego também a Cristiane Gellert e seu namorado (esqueci o nome!) que procuravam a chave para poder entrar.
No abrigo, depois de saciar a sede e fazer um lanche a Aline preparou o esperado macarrão, jantamos e depois, mais uma vez saí à noite para algumas fotos noturnas, agora pegando algumas estrelas e o próprio abrigo (depois de ter roubado essa ótima ideia da Cristiane). Com o frio e cansaço aumentando voltei para dentro (onde a Aline já se escondia dentro do saco de dormir) e fui também para a cama para uma longa noite de sono.
No Domingo, dia que devíamos entregar o abrigo, acordamos cedo, tomamos café, arrumamos nossas coisas, demos uma geral na "casa" e às 9 h saímos. Como boa parte do pessoal já havia ido embora (só tinha sobrado um grupo com 6 pessoas) e eu era o único que havia encarado a estrada de carro até o abrigo dei uma carona para as mochilas até o estacionamento perto da portaria (não tinha como levar as pessoas, mas andar leve já faz uma bela diferença naqueles 2,2 km de estrada esburacada).
Poucos minutos depois todos chegaram, pegaram suas cargas e então segui com a Aline para algumas escaladas no Morro do Camelo. Lá logo chegaram também o Flavio e a Isabelle enquanto a Cris e seu namorado seguiam estrada. No Morro comecei guiando uma via bem tranquila sem nome (III), que levou ao platô na base da cabeça, de onde a Aline seguiu pela via Não me Xinga, uma via com um crux de VIsup que ela desistiu de passar depois de algumas tentativas.
Com a Aline de volta à base foi minha vez de subir e sofrer na passagem do seu crux (com o agravante de levar nas costas a mochila com a câmera fotográfica - e não era a compacta, mas sim 5D convertida para IR + lente 24-105mm!). Mesmo assim, depois de tentar me posicionar o melhor possível, apertar a rocha no negativo e puxar para cima, passei o lance e continuei por alguns lances delicados até próximo de seu final, que me levou ao cume do Camelo, onde logo a Aline chegou vindo pela trilha.
No cume um autorretrato e logo voltamos até a base onde escalamos mais um 3º grau, dessa vez a via Olho do Gato, antes de voltar ao carro, fazer uma breve pausa para ver o estado do abandonado Alsene e seguir estrada até a Garganta do Registro para comprar mel, geleia, cocada etc etc etc.
De volta ao asfalto começamos a descida da serra rumo Engenheiro Passos e então paramos no Restaurante do Juquinha, próximo do km 13, por recomendação do Flávio. A parada para almoço realmente valeu a pena e depois de comer muita salada e uma boa truta mais uma vez voltamos ao carro e agora com pausa só para um chá (para tentar espantar o sono) antes de chegar em São Paulo no começo da noite para o merecido descanso.
Como sempre, ir para Itatiaia é muito bom e, ficar no abrigo Rebouças, melhor ainda! Agradeço ao convite e parceria dos amigos e espero em breve nos encontramos novamente!
Além disso, aos poucos parece que a estrutura do parque está melhorando, as regras mais brandas e diferente de outras vezes, nessa ocasião não houve nenhum motivo de stress! Além disso, a viagem foi bem aproveitada fotograficamente e muitas das fotos podem ser vistas no link travessia Couto-Prateleiras e escalada no Camelo - PNI.
Montanhas do PN Itatiaia vistas no final da travessia Couto-Prateleiras
- enviado por Tacio Philip às 23:12:42 de 10/05/2013.