No final de semana passado, aproveitando as férias do Leandro, no final da tarde de Sexta-feira (dia 26/04) passei em sua casa, depois na Aline, fomos juntos ao supermercado comprar o que faltava e em seguida pegamos estrada rumo Ubatuba.
Com preguiça e receio de pegar trânsito para atravessar a cidade ou pegar o rodoanel até a Carvalho Pinto decidimos ir pela Rio Santos. Como já estávamos em São Bernardo foi só seguir pela Anchieta e logo estávamos ao nível do mar seguindo pela interminável estrada com suas milhares de curvas e sobe-desce.
No caminho uma pausa para janta em São Sebastião e depois mais um longo tempo de estrada até chegarmos onde começa a trilha para o Pico do Corcovado de Ubatuba. De olho em possíveis locais para acampar achamos um bom campo de futebol onde logo montamos as barracas e ouvindo muitos latidos de alguns cachorros que não cansavam de reclamar fomos dormir.
No dia seguinte acordamos antes do despertador e, sem muita pressa, fizemos nosso café da manhã, separamos apenas o que precisaríamos na montanha, estacionei o carro em outro local e por volta das 9h começamos a caminhada.
O começo da trilha pode enganar um pouco por causa de diversas bifurcações mas om a ajuda de um track que havia baixado para o GPS no dia anterior foi bem tranquilo. Logo no começo a trilha já atravessa dois riachos e, depois de andar pouco mais de 1 km ela realmente começa a subir. A partir desse ponto a trilha é bem aberta e praticamente impossível de se perder. Na dúvida é só seguir sempre para cima e logo você verá que está subindo por uma bela crista com mata fechada e precipícios para os dois lados.
Continuamos a subida - que em alguns trechos é muito inclinada - fizemos algumas pausas rápidas para fotos em mirantes e depois nossa primeira pausa longa no último ponto de água, já a 730 m de altitude. Lá, sem pressa alguma e com muito tempo nos demos ao prazer de preparar sanduíches no tostex (acessório que sempre está na minha mochila) :-) Ficamos por volta de 1 h nessa pequena clareira até que decidimos pegar a água que precisaríamos para o resto do dia e começo do próximo, rearrumamos as mochilas e voltamos a caminhar.
A subida continua bem inclinada com lances parecendo escadas e outros em trepa-raízes, bem no estilo das trilhas da serra do mar, até que chega no topo da serra a mais ou menos 1000 m de altitude. De lá, onde há uma clareira onde é possível acampar, depois de uma virada de 90º para direita segue sempre pela crista da serra onde em alguns pontos podíamos ver muito melhor a nossa meta, o cume do Corcovado.
A parede rochosa dessa montanha é impressionante. Pelas nossas estimativas deve ter mais de 400 m de parede vertical, o que com certeza daria algumas belas vias de escalada, o único problema seria o acesso à base já que a mata fora da trilha é realmente muito fechada e com muitos precipícios.
Continuamos pela crista da serra fazendo só algumas pausas fotográficas e logo chegamos na subida final, que volta a ser bem inclinada e nos levou até o cume, a 1184 m de altitude, por volta das 15h.
No cume, antes mesmo de pensar em montar acampamento fizemos várias fotos e ficamos observando, a quase 1200 m abaixo de nós, o campo de futebol onde havíamos acampado e ao fundo o mar.
Algum tempo passou então, aproveitando que não havia mais ninguém na montanha, armamos as barracas bem no cume onde enquanto algumas nuvens nos cercavam ficamos esperando o tempo passar para jantar e depois ver a Lua nascendo sobre o mar antes de dormir.
No dia seguinte o Leandro e eu acordamos para ver o nascer do Sol enquanto a Aline nem se mexia no saco de dormir. Sem demorar muito tirei algumas fotos e logo voltei para a barraca para continuar a "noite" de sono, acordando de verdade mais de 1h30 depois.
Com o tempo mais nublado fizemos o café da manhã, desarmamos o acampamento, guardamos tudo nas mochilas e, por volta das 10h, começamos nossa descida. Logo que saímos do cume demos uma explorada em uma outra trilha bem mais aberta que segue pela crista (provavelmente a que é acessada de São Luiz do Paraitinga) e depois começamos a descida pelo caminho que tínhamos passado no dia anterior.
Durante a descida encontramos um grupo de 3 pessoas subindo e passo após passo, com a perna sentindo bastante o cansaço (no começo de temporada a perna sente bem) fomos descendo até que, finalmente, chegamos ao último riacho da trilha para um merecido banho. Ficamos por lá uns 30 minutos pelo menos e depois mais uns outros 30 minutos até chegarmos no carro por volta das 14h10 para a também merecida troca de roupa, tirar as botas e ir procurar nosso almoço!
Na estrada, sentido São Paulo, logo encontramos um restaurante e fomos almoçar. O preço era um pouco salgado (como tudo próximo ao mar, deve ser a maresia) mas a fome era maior. Sendo assim ficamos um bom tempo repondo as muitas calorias que tínhamos queimado nas últimas horas.
Já na metade da tarde seguimos então para a praia da fortaleza, local que eu ainda não conhecia e que, no seu pontão, tem muitos e muitos boulders. Sendo guiados pelo Leandro logo chegamos e ficamos então brincando um pouco em alguns blocos e fazendo algumas fotos até que o final da tarde, aliado com o cansaço, fez com que voltássemos para o carro e pegássemos nosso caminho de volta para São Paulo.
O retorno foi bem tranquilo, dessa vez pela Tamoios, pegando só um pouco de trânsito devido à obras. Em São Paulo uma pausa para jantar no Subway e, depois de deixar o Leandro em sua casa a Aline e eu voltamos para São Bernardo para uma merecida noite em uma cama.
Apesar de exigente graças ao desnível acumulado (+- 1300 m) a trilha é uma boa opção de trilha "bate-volta". Com certeza com uma mochila leve de ataque nas costas em vez de uma mochila com uns 13 kg + quase 4 kg de equipamento fotográfico a subida (e também a descida) seria bem menos sofrida e mais rápida. Além disso, mesmo sendo uma trilha que acredito que seja bem frequentada, não encontramos muito lixo pelo caminho, o que é um bom sinal (felizmente o povo mais mal educado, quando vai pro litoral, só sabe olhar para o mar). Com certeza é uma montanha que pretendo repetir. Inclusive agora com a ideia de conhecer seu outro acesso para uma travessia (se alguém tiver informações de acesso e puder enviar agradeço, sei que é obrigatório guia, mas quero uma opção sem essa obrigatoriedade). ;-)
E as fotos (algumas feitas com uma câmera convertida para infravermelho) já estão disponíveis no link Pico do Corcovado de Ubatuba (e boulders).
- enviado por Tacio Philip às 12:52:06 de 02/05/2013.
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