Aproveitando o feriado prolongado de páscoa, na 4ª feira à noite a Paula e eu pegamos estrada rumo Visconde de Mauá. Depois de um pouco de trânsito (como esperado) por volta das 23h o carro já estava estacionado próximo ao Poço da Maromba e começávamos a subida pela trilha.
O começo da trilha foi bem tranquilo mas depois de pouco mais de 1h ela começou a fechar e algumas vezes saímos do caminho principal (devido à pouca frequência a essa trilha ela está se fechando - além disso há árvores caídas deixando o caminho mais confuso ainda). Com isso, em vez de ficarmos procurando o caminho ou varando mato achamos melhor ficar onde estávamos mesmo e continuar no dia seguinte. Então atravessamos o riacho próximo de nós e 10 m achamos uma área um pouco mais aberta onde pudemos abrir os isolantes e bivacar.
A noite foi bem fria (cerca de 8ºC e eu com um saco de dormir para 15ºC) mas tudo correu bem. No dia seguinte tomamos nosso café da manhã, arrumamos as coisas e reencontramos a trilha principal (que estava ao nosso lado a 10m de distância). De lá seguimos sem problema algum até a base do "Marombinha" onde desviamos da trilha para a crista. Seguimos até seu cume (onde abaixo vimos outro grupo seguindo o mesmo caminho) e depois de uma breve pausa seguimos caminho até o cume do Pico da Maromba (15º ponto mais alto do Brasil segundo o anuário estatístico do IBGE.
Pouco antes do cume e no próprio cume uma pausa para fotos (diversas panorâmicas espetaculares da região do Agulhas Negras) e um merecido lanche. Depois mais caminhada descendo pela crista oposta do Maromba até que atravessamos o riacho entre ele e o Pico Cabeça de Leoa onde reabastecemos nossa água e logo achamos um local mais protegido para a 2ª noite de bivac.
Preparamos nossa janta, vimos o outro grupo chegar até próximo da água, acampando do outro lado do riacho (5 barracas, 5 pessoas?!?!?!) e logo fomos dormir (por volta das 18h). Essa noite foi mais fria ainda, não recomendo ninguém bivacar com saco de dormir para 15ºC se for pegar uma noite estrelada com 4,7ºC!!!
No dia seguinte acordamos cedo e seguimos nosso rumo indo até o cume do Pico Cabeça de Leoa (23ª segundo o IBGE) atravessando toda sua extensão até a base oposta, de onde podíamos ver de "perto" o Gigante. O Leoa é uma montanha com 5 ou 6 cumes e vale a pena sua travessia como fizemos.
Na sua base procuramos a trilha que levasse ao Gigante e, depois de uma pausa para lanche, encontramos um caminho "menos pior" que nos levou até o topo de um vale com mata fechada. Lá não havia mais trilha e para atravessar tivemos que abrir caminho entre mato e bambus. Pouco tempo depois achamos alguns totens mas aparentemente levavam para lugar nenhum, sempre terminando em precipício ou mata muito fechada. Nessa hora achamos melhor esperar o outro grupo que vinha nessa direção, enquanto isso fui procurar - sem sucesso - água, e um longo tempo depois chegaram até nós o Carlos (Mamute) e Angelo. As outras 3 pessoas haviam desistido e estavam retornando.
Lá batemos um papo, olhamos o que nos esperava e como a Paula e eu tínhamos pouca água (4L os dois) achamos melhor desistir de seguir o caminho e retornar. O Carlos e o Angelo seguiram e depois soube que levaram mais dois dias para chegar até o Gigante.
A volta foi mais tranquila, voltamos pelo caminho que tínhamos aberto e, em vez de subir novamente para o cume do Leoa, preferimos contorná-lo e paramos para bivacar na sua base próximo a outro ponto de água, onde chegamos já no escuro. Lá jantamos e em seguida mais uma noite fria intercalando sono com muito frio.
No nosso 4º dia acordamos, fizemos nosso café da manhã e resolvemos subir um cume que ainda não tínhamos explorado, o cume secundário do Pico da Cara de Gorila, que apelidamos de Gorilinha por ser praticamente igual ao seu irmão mas com 40m a menos de altitude. Para chegar a ele seguimos por um tempo margeando o Leoa e depois atravessamos pelo vale até sua base, próximos à garganta entre os dois cumes. Lá deixamos as mochilas e em menos de 20 min estávamos no cume fazendo algumas fotos.
A descida foi rápida, pegamos as mochilas e seguimos então para o lado da Garganta, atravessamos os riachos e fizemos uma pausa mais longa em uma laje de pedra por onde corria o rio. De lá seguimos pela face Oeste do Gorila até que atingimos o seu cume (32ª se acordoc om o IBGE). Essa montanha é pouquíssimo visitada e nos registros de cume a última visita havia sido a nossa em Julho de 2010.
No cume mais fotos, deixamos um pote para tentar manter secos os registros de cume (estavam molhados e com o plástico corroido) e logo começamos a descida pela crista parando apenas no encontro dos riachos que descem do Maromba e do vale entre o Gorila e Leoa. Lá uma longa pausa para lanche, mais fotos, pegar água e em seguida a longa crista que nos levou de volta ao cume do Pico da Maromba.
No cume vimos nuvens pesadas e logo começou a chover. Colocamos os anoraks e sem perder muito tempo começamos a descer pela sua crista oposta (onde felizmente vimos a nuvem se dissipar e a chuva parar). Pouco antes de chegar na subida final do Marombinha descemos direto para a trilha da travessia e rapidamente estávamos ajeitando nossas coisas sob a pedra próxima da água (onde mais uma vez faríamos nosso bivac). Voltamos até a água, nos recarregamos e depois preparamos nosso jantar e fomos dormir (já preparado psicologicamente para a 4ª noite fria com meu "quente" saco de dormir para +15ºC - felizmente essa noite fez apenas 10,2ºC).
No nosso último dia de caminhada acordamos sem muita pressa, preparamos o café, arrumamos as coisas e seguimos o caminho de volta pelo mesmo caminho que havíamos subido. Andamos pouco mais de 1h até que chegamos à bifurcação da trilha que leva ao escorrega do Maromba (por onde havíamos subido) ou para o Vale das Cruzes, caminho que não conhecíamos e por onde subimos varando mato ano passado. Decidimos descer pelo Vale das Cruzes e na hora do almoço estávamos no final da trilha seguindo pela estrada à procura de uma carona.
Andamos poucos minutos e logo conseguimos uma carona que nos levou até a estrada principal. De lá mais 5 min de caminhada e em seguida outra carona que nos levou até Maringá, onde paramos para um pastel (caro pra caramba!). Como de lá seria mais complicado conseguir carona achamos uma pessoa que fazia transporte por lá e, por R$30, nos levou em um Jipe Toyota até onde o carro havia ficado estacionado durante esses 5 dias.
De volta ao carro uma breve pausa para lanche em uma cafeteria de um pessoal com quem havíamos conversado antes de subir e depois mais estrada, fazendo apenas uma pausa em um camping para ver se um amigo ainda estava por lá (Requeijo) e depois parando apenas na Dutra para um merecido jantar e para abastecer o carro.
O resto do caminho foi tranquilo, pegamos um pouco de trânsito na Dutra na altura de Pinda mas logo o trânsito andou quando seguimos pela Ayrton Senna e Rodoanel, deixando a Paula em sua casa e seguindo para um merecido banho depois de 5 dias no meio das "trilhas" do lado esquecido do Parque Nacional do Itatiaia.
Apesar de não conseguirmos seguir mais como esperávamos, o feriado foi bem aproveitado, fizemos uma "semi-travessia" entrando por uma trilha e saindo por outra e pudemos repetir alguns cumes e explorar outros que não conhecíamos. Agora é esperar uma outra oportunidade para explorar a região e ver o que vai dar. Mas esse ano provavelmente meu foco estará mais na escalada em rocha do que nas montanhas. Além de motivos pessoais outro que faz com que eu não esteja tão animado com as montanhas são as proibições sem sentido do icmbio, tenho um projeto pessoal que não posso concluir porque algumas das montanhas estão com acesso fechado (e se fossem próximas isso não atrapalharia, mas elas estão a alguns milhares de quilômetros de São Paulo).