Domingo passado (23/Jan), após o Patrick vir até aqui e deixar sua moto seguimos no meu carro rumo São Bento do Sapucaí. O começo do caminho foi tranquilo, deixamos a Paula na sua casa, seguimos pela Rod. Anchieta, Av Anhaia Melo e, quando chegamos na Salim Farah Maluf, o céu desabou!
Fomos seguindo em ritmo tartaruga até que, próximo do viaduto da Radial Leste, o trânsito simplesmente parou por causa de alagamento. Na hora achamos que seria algo rápido, mas a chuva não passava e vinha cada vez mais forte com vento e granizo.
Sem ter o que fazer ficamos no carro olhando a água caindo, ouvindo as pedras de gelo batendo no teto e alguns muitos motoboys segurando as motos com as rajadas de vento que quase as derrubava (bem que podia ter levado todos embora!). O tempo foi passando, passaram 30 min, 1 hora, 2 horas e finalmente a chuva parou e o nível da água começou a descer, permitindo que seguíssemos caminho e por sorte atravessássemos sobre a Marginal para a Rod Presidente Dutra (a saída para a Carvalho Pinto estava parada porque a Marginal estava completamente alagada, nunca a tinha visto com tanta água).
De lá mais algumas horas de estrada, uma pausa para lanche e por volta das 2h da madrugada estávamos no abrigo do Eliseu Frechou deitando para dormir (só umas 3h mais tarde que minha previsão inicial).
No dia seguinte acordamos 7h30 com o despertador e às 8h tive ânimo de sair da cama. Sem perder muito tempo saímos, passamos no mercado para comprar nosso café da manhã e seguimos então para o estacionamento do Bauzinho onde, após comermos, seguimos pela trilha até o col entre o Bau e Bauzinho e de lá até a base da via Paredão Tudo Bem (5º V) (graduação pelo croqui do Eliseu, eu achei um pouco mais forte).
Na base da via nos equipamos e logo comecei a subir a primeira enfiada que faz um zig-zag para direita e depois retorna para a esquerda, de onde fiz a segurança para que o Patrick também subisse. Assim que ele chegou na parada peguei novamente as costuras, as proteções móveis que havia usado na 1ª enfiada e segui pela curta fenda da 2ª enfiada, sendo seguida pelo Patrick.
Nessa hora o clima começava a mostrar mudança e a manhã ensolarada estava se tornando em uma tarde com céu preto e trovoadas. Sem perder muito tempo subi o mais rápido possível a terceira enfiada e logo cheguei no topo do Bauzinho, e lá começaram os atrasos. No topo não tem parada, fiz uma em móvel e comecei a dar segurança para o Patrick. Poucos minutos passaram e além do Patrick chegar no crux da via (lance mais difícil) a chuva também chegou. Eu vesti meu anorak e em uma péssima posição continuei na segurança enquanto o Patrick se enrolava cada vez mais (e eu insistir para ele puxar pela corda, roubar o que desse e subir logo mas nada, só ficava sentindo a corda aliviar e retesar, aliviar e retesar).
O tempo foi passando, a chuva continuava e eu vendo relâmpagos caindo pelas proximidades (e não era nada animador estar no cume do Bauzinho, um dos pontos mais altos, e cheio de metal pendurado em mim, ou seja, estava "vestido" de pararraios! Lá de cima tentava convencer o Patrick a subir pela corda mas nada, e com o tempo ruim a corda foi molhando, fazendo que a possibilidade de subir de batman (puxando pela corda) fosse por água abaixo.
Mais alguns muitos minutos passaram, reforcei a parada em móvel, fixei a corda do Patrick e com a outra ponta desci até ele levando alguns cordeletes para que ele subisse jumareando com nós prussic. Mostrei como fazer, montei também meu sistema (não tinha mais como escalar com a parede molhada) e comecei a subir. O Patrick só reclamava falando que não era fácil, que não dava, bla bla bla (eu nunca falei que era fácil, só falei o que tinha que fazer para sair de lá, era a única opção já que essa via não permite rapel para voltar para sua base - ela faz diagonais e passa por negativos).
De volta ao topo mais muitos e muitos minutos de espera e nada do Patrick subir fazendo o que eu havia falado. De vez em quando sentia a corda tensionar e depois retesar (ou seja, ele continuava insistindo em tentar subir escalando). Mais tempo passou, minha paciência tinha acabado há mais de 1 hora e novamente desci até o Patrick para ver o que estava acontecendo. Finalmente ele resolveu fazer o que eu falei e depois de alguns outros minutos chegou até uma das costuras, de onde era possível seguir escalando.
De volta ao topo dei a segurança e logo o Patrick chegou ao final da via (com a pior cara possível, ele realmente adrenou). Lá desmontei a parada e rapidamente segui de volta para o carro (a chuva tinha dado uma trégua mas outra núvel "malvada" se aproximava trazendo mais água e relâmpagos). No carro largamos as coisas no porta-malas e logo estávamos no centro de São Bento, com tempo bom, comendo o merecido Açaí com leite em pó e coco ralado.
Com o final da tarde chegando fomos para o abrigo para o merecido banho, um rápido descanso e depois jantar com lanche em São Bento. No dia seguinte acordamos cedo mas as mãos do Patrick não permitiam mais escaladas (ele queimou 5 dedos na corda tentando subir) então arrumamos as coisas e para evitar o possível trânsito do feriado prolongado em SP retornamos sem trânsito e sem chuva alguma.
Apesar do perrengue (do Patrick) na via a escalada foi boa. Para a minha primeira escalada do ano começar no Bauzinho é um bom começo. Além disso a via é bem bonita e merece ser repetida (e espero que da próxima vez com umas 3h a menos de duração) :-)
E abaixo alguns vídeos das chuvas e inundamento em São Paulo no dia 23 de Janeiro.
- enviado por Tacio Philip às 23:42:24 de 30/01/2011.