Depois do meu último dia no Cipó, 30 de Julho, quando escalei as vias
Mulher de Fases (7a em móvel), repeti a
Sem compromisso (7a) e a
O Cravo e a Rosa (7b), no dia seguinte o Osvaldo, Eduardo e eu pegamos logo cedo estrada e seguimos rumo ao Sul, agora nosso objetivo eram as escalada em Salinas.
No começo a estrada é excelente, fomos até Juiz de Fora em um bom tempo e lá aproveitamos para um ótimo almoço e para dar um olá para a Marina, uma amiga de lá. Em seguida seguimos a estrada e aos poucos tudo foi piorando. Até Itaipava foi tudo bem, de lá em diante, para atravessar para Teresópolis uma serra em péssimas condições e ainda com muitos trechos em obras, o que fazia com que o trânsito parasse para que cada sentido fosse liberado de uma vez.
Passando essa torturante serra (em mais de 1h!) pausa em Teresópolis para compras no supermercado, uma outra pausa para Açaí e depois mais alguns quilômetros e algumas horas até o Abrigo das águas do Sérgio Tartari e a merecida noite de sono.
No dia seguinte acordamos às 5h30, tomamos café da manhã e logo começamos a caminhada rumo ao Pico Maior. Seguimos até a base da parede e por volta das 9h30 começamos a escalar a via Cidade dos Ventos (D3 6ºVI+ (A0/VIIIa) E3). A princípio essa via não estava na minha lista de objetivos, mas depois do Waldyr me dizer que é o melhor caminho para rapel do Pico Maior resolvi escalá-la para conhecer seu traçado.
Essa via começa em um lance de 1/2 chaminé offwidth e depois entra em uma sequência de lance de 8a/b que pode ser feita roubando pegando nas costuras (assim fica "só" um 7a!). Quem fez essa enfiada foi o Osvaldo e em seguida subimos eu e o Edu. A 2ª enfiada começa em um lance de 6+ e depois segue por uma outra fenda, pode ser chamada de uma fenminé ou chamienda (uma mistura de fenda com chaminé com muito entalamento e arrastamento). Apesar de diferente a enfiada foi bonita e a sua guiada foi bonita, toda protegida em móvel. As enfiadas seguintes não tiveram lances muito marcantes, a graduação é boa, no máximo um outro lance de 7a bem protegido, uma outra sequência 6+ por uma fenda rasa para dedos e em móvel, um outro lance de 6+ de movimentos delicados e o restante com mais agarras e assim chegamos na metade da tarde ao cume do Pico Maior.
No cume assinamos o livro de cume (usando a caneta do figuraço Igos Spanner que esteve por lá há pouco tempo), fizemos uma pausa para fotos e em seguida começamos a descida. O rapel não segue a linha da via, logo no começo ele desce em linha reta onde a via passa pelas fendas a direita e é necessário duas cordas de 60m para seguir esse caminho mas realmente vale a pena! Em cerca de 1h20 nós três estávamos no chão (muito mais rápido e com menos perigo de enroscar a corda que o rapel pela via Silvio Mendes.
Já no chão e com as últimas luzes do dia guardamos toda a tralha, headlamp na cabeça e começamos a descida para o abrigo (com direito a algumas pausas para foto noturna dos 3 Picos). No abrigo com preguiça de cozinhar comemos a famosa pizza do Tartari e depois fomos dormir.
No nosso segundo dia acordamos 6h, sem muita pressa tomamos o café da manhã, arrumamos as coisas e começamos a caminhada rumo ao Pontão do Sol, um pico satélite do Pico Maior, onde escalamos a via Sol Celeste (D2 5º V+ E3). Essa via começa em um platô e suas duas primeiras enfiadas, para nós três, foram as piores pois predominam abaulados e muita aderência. Em compensação, as 5 enfiadas seguintes são espetaculares: bem verticais e com predominância de agarras e muitas fendas para proteção móvel! Seguimos escalando e por volta das 3h estávamos no seu pequeno cume fazendo umas fotos e começando a longa (e fria devido a sombra e vento) sequência de rapéis até o chão.
De volta a base guardamos as coisas nas mochilas e começamos a descida ainda com bastante luz, só precisando ligar nossas headlamps quando estávamos próximos do abrigo.
Essa noite dormimos bastante. Ontem fui dormir antes das 9h e hoje acordei umas 6h30 - 7h. Agora estamos em Nova Friburgo, acabamos de almoçar e o Edu já foi pra rodoviária de onde segue para o Rio e de lá pra São Paulo. o Osvaldo e eu continuaremos por aqui para outras vias nos próximos dias. Se tudo der certo serão pelo menos mais duas via juntos: uma com cume do Pico Maior e outra no Capacete. Além disso ele deve fazer a via Leste no Pico Maior com o Daniel, Lena e Tartari (essa foi minha primeira via em Salinas, escalada em 2008 com o Pedro Hauck) enquanto eu pretendo escalar uma outra no Capacete em solitário.
Agora é acabar de dar uma volta pela cidade, re-checar emails, ver a previsão do tempo e voltar para o abrigo. Acredito que a próxima postagem será só quando eu estiver de volta em casa, assim como as muitas fotos e vídeos dessa viagem.
- enviado por Tacio Philip às 14:14:30 de 03/08/2010.
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