Na 5ª feira, dia 20 de Novembro, depois de enfrentar um pouco de trânsito dentro de São Paulo saímos pela rodovia Carvalho Pinto eu, a Paula, o Parofes e o Edson rumo à Visconde de Mauá, RJ.
Tirando o cansaço a viagem foi tranquila. Fizemos só uma breve pausa no Arco-íris de Roseira para um merecido (e necessário) capuccino e, depois 5 hs de estrada e uns 340 km, estávamos estacionados próximos da entrada da Fazenda Marimbondo e armando nossas barracas para dormir às 4h30 da madrugada!
Mal fechamos os olhos e já acordamos com o clarear do dia por volta das 6 hs. Sem muita pressa fizemos o café da manhã e decidimos para a 1ª tentativa para descobrir o caminho para Pico da Cara de Gorila ir só com uma mochila de ataque levando o mínimo necessário. Começamos a caminhada, pulamos o muro da fazenda Marimbondo e depois de alguns poucos minutos estávamos conversando com o Flávio, provavelmente caseiro da fazenda, que nos disse que não havia caminho por lá, que existiu há uns 20 anos mas que não era possível subir por lá e que o único caminho para subir que ele conhecia era o que saia da Maromba ou talvez existisse algum outro pelo vale das Cruzes.
Com esse balde de água fria em nossos planos logo pela manhã voltamos para o carro e decidimos então subir pela Maromba até a base do Pico da Maromba, caminho da travessia Maromba-Rebouças que eu percorri em 2002. Pegamos o carro, mais alguns quilômetros de estrada e logo estávamos deixando o carro estacionado e recomeçando a caminhada, agora com as mochilas completas e prontos para 3 dias de caminhada.
A subida começa bem ao lado do escorrega da Maromba, passando por uma porteira que sobe uma estrada de terra e, depois de chegar à casa da fazenda, entra por uma trilha em mata fechada por onde não tem como se perder já que não há bifurcações, é só seguir sempre a trilha principal.
Mesmo com o cansaço da viagem e da noite com 1h30 de sono a subida foi bem e, na metade para o final da tarde já estávamos próximos ao riacho na base do Pico da Marombinha (o chamei assim em 2002 quando tentei por ele acessar o Pico da Maromba, mas na ocasião desisti) armando nossas barracas, fazendo o jantar e indo descansar. Foi pouco depois de deitar que, por volta das 19h30, os trovões distantes chegaram até o acampamento e trouxeram uma forte tempestade que por muito pouco não inundou as barracas (veja os vídeos abaixo!).
Tirando a garôa da noite tudo correu bem, as barracas aguentaram bem a chuva e o lago que se formou sob elas (literalmente com uns 10 cm de profundidade!) escorreu e no começo da manhã estava tudo de volta ao normal (na próxima vez que eu escolher um lugar para acampar e pensar que ele é bom a menos que chova vou procurar outro lugar para acampar!).
Nesse dia nossa meta inicial era o Pico da Maromba. Tomamos nosso café da manhã, arrumamos as mochilas de ataque e começamos então a caminhada. Uma das alternativas seria subir o Marombinha e seguir por sua crista até o Maromba, mas achamos melhor seguir pela trilha paralela pelo vale e, assim que a trilha desviasse, atacaríamos para a crista varando mato por onde fosse melhor, e foi o que fizemos. Apesar de não haver trilha a caminhada não foi muito ruim, a subida é razoavelmente íngreme mas achamos um bom caminho e logo estávamos na crista e, agora sim, seguindo direto para o cume do Pico da Maromba, onde chegamos às 9h40 da manhã, 1h40 depois de termos saído do acampamento.
No cume, mesmo com um tempo nublado fizemos algumas fotos e logo continuamos a caminhada pela crista oposta, agora rumando para a Pedra Cabeça de Leão. O começo da caminhada foi tranquila, mesmo sem trilha o mato era baixo e ganhávamos distância com rapidez, mas isso mudou no final com uma interminável e cansativa descida até o vale que dava acesso à Cabeça de Leão. Nesse trecho tivemos que atravessar mato que chegava a nos encobrir e no final procurar o melhor lugar para atravessar um riacho que descia ao nosso lado, mas nada em comparação ao que viria mais tarde.
Passando o vale começamos a subida final da Pedra Cabeça de Leão e, às 11h30, estávamos no seu cume Oeste fazendo algumas fotos da região do Agulhas Negras. De onde estávamos podíamos ver, da esquerda para a direita, o Morro do Urubu, Pedra Assentada, Prateleiras, Agulhas Negras, Asa de Hermes, Pedra do Altar, Pedra do Sino de Itatiaia e diversos outros cumes sem nome e pouco visitados da região. Com certeza uma das vistas mais bonitas de toda a região!
Alguns minutos se passaram, tiramos diversas fotos e seguimos então para o 2º cume da Cabeça de Leão onde novamente fizemos uma pausa para fotografias e lanche. Nessa hora, como a descida final até o vale tinha sido ruim, decidimos voltar pela crista da Cabeça de Leão até o colo na base da Cabeça de Leoa (que gostaríamos de subir mas não haveria tempo para isso) e de lá seguir pela crista até o primeiro cume antes do Maromba e de lá seguir pelo caminho da descida. Na teoria tudo parecia fácil, inclusive o começo da descida até o vale foi fácil, mas isso mudou rapidamente quando tivemos que atravessar o primeiro charco.
Como tínhamos descido bastante e, voltar por onde descemos não nos atraía, decidimos prosseguir. Atravessamos o primeiro charco, mais um pouco de lajes de pedra e em seguida um outro charco, agora muito pior que o primeiro, onde todos nós acabamos molhando as botas! Mas não tinha acabado ainda, mais um pouco de laje de pedra e, para nos desanimar, um 3º charco nos esperava! Sem muita paciência o atravessamos e os problemas não tinham acabado. A subida inicial foi bem inclinada com uns trepa pedras intercalados com vara mato e assim continuou por um bom tempo. Nessa hora, para nos animar ainda mais ouvíamos trovões que ecoavam nas nossas costas como se quisessem nos devorar (e não parávamos de lembrar como tinha sido a tempestade da noite anterior com relâmpagos caindo nas montanhas).
Continuamos a sofrida subida até que, depois de 2 hs de caminhada, voltamos para a trilha normal e com os trovões cada vez mais próximos. Nessa hora pensei em uma coisa que realmente elevou um pouco nosso psicológico e nos deu uma energia extra para voltar o mais rápido possível para o acampamento, falei: não vejo a hora de voltar para Maringá e comer uma bela truta!. Todos gostaram da idéia e nos animamos a andar e tentar chegar ao acampamento antes da chuva, que felizmente não chegou esse dia.
De volta ao acampamento, felizes pelos cumes alcançados, pela chuva que não pegamos e pensando na truta do dia seguinte ficamos um bom tempo descansando e conversando, preparamos o jantar e depois fomos dormir. Nessa noite não choveu e eu acabei passando um pouco mal durante a madrugada sentindo muito frio (provavelmente uma leve febre) que acredito ter sido por conta de ter comido muito e ter ido dormir logo em seguida.
Na manhã acordei ainda meio enjoado e com o estômago ruim, fui até o banheiro, descansei mais um pouco (me sentia como se estivesse a 5000 m sem me aclimatar) e, depois que melhorei, acabei de desarmar o acampamento, guardar as tralhas na mochila e então começamos a caminhada de retorno às 7h15 da manhã.
A descida foi bem rápida, fizemos apenas algumas breves pausas nos pontos de água - em um deles encontramos o Jorge Soto que havia feito uma outra travessia com outros dois montanhistas (desculpem mas esqueci os nomes!) - e às 11h15 estávamos chegando no carro, jogando as coisas no porta malas e seguindo para Maringá para a tão esperada truta!
Em Maringa almoçamos, demos uma andada pela cidade e às 14 hs começamos o longo caminho de volta para casa. Nesse caminho fizemos algumas pausas na serra para mais fotos e identificar as montanhas que tínhamos subido (e as que ainda faltavam!) e depois outras pausas rápidas na Dutra quando havia muito trânsito (principalmente depois de Aparecida) chegamos em São Paulo. O Edson ficou na travessa da Celso Garcia (de onde pegou um ônibus para sua casa), deixei o Parofes em sua casa (Jabaquara) e a Paulinha e eu viemos então para casa para um merecido banho e descanso antes de levá-la até sua casa no final da noite.
Essa viagem foi muito boa, não escalamos todas as montanhas que pretendíamos (Pedra Cabeça de Leão, Cabeça de Leoa, Cara de Gorila e Pico da Maromba - realmente não é possível em apenas 3 dias) mas conseguimos escalar duas delas e vimos que o melhor caminho para as outras realmente deve ser pela Fazenda Marimbondo, por onde tentamos inicialmente (e voltaremos!).
Algumas das fotografias feitas durante a viagem já estão no ar no link Maromba e Cabeça de Leão.
- enviado por Tacio Philip às 22:40:00 de 23/11/2009.